quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Análise préliminar indica: a água da Cidade de Caetité/BA apresenta contaminação por urânio

Nível de urânio na água de Caetité pode estar sete vezes superior ao permitido

Fonte : Redação - 22/10/2008 07:58:00

A água que abastece o município de Caetité vai ser analisada por agentes da Secretaria Estadual de Meio Ambiente. O motivo da análise, é a divulgação de um relatório do Greenpeace, que apontava a contaminação. De acordo com o documento, o nível de urânio na água caetitense, está cerca de sete vezes superior ao que é estabelecido pela Organização Mundial de Saúde.
(fonte: http://www.radiometropole.com.br/interna_texto.php?local=1&id=VGxSQmQwMXFUVFZOUkdzOQ==)


INB Caetité - Mineração e Beneficiamento de Urânio

Na Bahia, a sudoeste do Estado, próximo aos Municípios de Caetité e Lagoa Real, está situada uma das mais importantes províncias uraníferas brasileiras.

Suas características - teor e dimensão de reservas estimadas em 100.000 toneladas, exclusivamente de urânio, sem outros minerais de interesse associados - foram determinantes na opção da INB por sua exploração. Esta quantidade é suficiente para o suprimento da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (usinas Angra I, II e III) por 100 anos e a continuidade das atividades de pesquisa e prospecção pode aumentá-la substancialmente.Com capacidade de produção de 400 toneladas/ano de concentrado de urânio, a meta da INB para os próximos anos é a sua duplicação para 800 toneladas/ano.Esta unidade de beneficiamento de minério de urânio é um empreendimento mínero-industrial modular, concebido com a finalidade de promover o aproveitamento do urânio em cerca de 33 ocorrências que compõem a reserva, atualmente conhecida.

O PROCESSO

O processo de beneficiamento do minério de urânio é o de lixiviação em pilhas (estática). Depois de britado, o minério é disposto em pilhas e irrigado com solução de ácido sulfúrico para a retirada do urânio nele contido.Esta técnica dispensa fases de moagem, agitação mecânica e filtração, permitindo, além de uma substancial redução nos investimentos, uma operação a custos menores, em face do reduzido número de equipamentos e unidades operacionais envolvidos. A concentração do urânio é realizada pelo processo de extração por solventes orgânicos, seguida da separação por precipitação, secagem e acondicionamento em tambores.

No aspecto ambiental, a ausência de rejeitos sólidos finos evita a necessidade de barragens para sua contenção, minimizando desta forma os impactos já reduzidos; e também, pela menor utilização de insumos químicos. No projeto destaca-se a possibilidade de reciclagem - retorno total dos efluentes líquidos ao processo, garantindo a ausência de liberação destes para o meio ambiente.

(fonte: http://www.inb.gov.br/Caetite.asp)


Urânio contamina água em povoado rural de Caetité

16/10/2008 às 23:23 ATUALIZADA EM: 17/10/2008 às 00:51
Maiza de Andrade e Juscelino Souza, do A TARDE

José Silva/Agência A Tarde
Água do chafariz que abastece Vila de Juazeiro
No Núcleo Escolar Bento Oliveira Ledo, que atende a 95 crianças, na Vila de Juazeiro, na zona rural de Caetité, a 757 km de Salvador, a professora teme pela saúde dos alunos. “Nas conversas que temos com os pais, eles se queixam de que seus filhos estão com verme, indispostos e sem apetite. Com certeza, a água que não é tratada tem a ver com isso, mas, se por trás desses sintomas, existem outros bem piores?”, indaga a educadora.

A água consumida na escola é tirada de um dos poços de onde foram coletadas amostras que, quando analisadas em laboratório, nelas constatou-se a contaminação por urânio. A professora reclama da falta de informações e providências desde que a ONG Greenpeace tomou levou amostras da água para análise fora do País. A Vila de Juazeiro fica a 8 km da mina de urânio explorada pelas Indústrias Nucleares Brasileiras (INB).O exame foi feito no laboratório da Universidade de Exeter, na Inglaterra, a pedido do Greenpeace, e indicou índices de radioatividade sete vezes acima do parâmetro estabelecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e duas vezes acima do que estabelece o Conselho nacional do Meio Ambiente (Conama). A ONG, que articula um movimento mundial contra a energia nuclear, deflagrou, nesta quinta-feira, 16, uma ação em nível nacional de alerta para os riscos da exploração de urânio e de irregularidades na operação da INB.Em um relatório divulgado nesta quinta, o Greenpeace mostra que a indústria ficou até o mês de agosto sem cumprir as condicionantes da licença de operação, que previa estudos epidemiológicos sobre a saúde da população da área de influência da mina e sobre o impacto da atividade no sistema hidrogeológico da região. As amostras foram coletadas em abril deste ano, em vários pontos situados na área de influência da mina (raio de 20 km), onde vivem cerca de três mil pessoas.Do total de 20, duas amostras apresentaram resultados mais graves para a presença de urânio. Segundo a coordenadora do estudo. Rebeca Lerer, foi a primeira vez que foi feita análise independente da água da região. “Antes, só a empresa fazia, mas, mesmo assim, não divulga os resultados”, afirmou.

De acordo com ela, a escolha de um laboratório no exterior se deu “porque os laboratórios do País não têm total independência”.INB – O diretor de recursos naturais da INB, Otto Bittencourt Netto, classificou de injusta a posição do Greenpeace. “Nós só estamos operando porque temos todas as licenças, tanto do Ibama, quanto da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEM)”. A notícia da contaminação por urânio em amostras analisadas pela ONG causou surpresa. “Não temos responsabilidade nisso, mas vamos lá para fazer novas análises e, se for confirmado, vamos ajudar a população”, disse. Ele falou que a medida a ser tomada em caso positivo seria o fechamento dos poços e a perfuração de novos em locais onde não haja presença de urânio. Otto destacou que a região tem urânio há milênios e que pode acontecer de um poço ter sido aberto em local de ocorrência do minério radioativo. Sobre os estudos da relação do urânio com a incidência de câncer na região, ele afirmou que já começaram. O diretor justificou a demora pela dificuldade de entrar em acordo com os diversos órgãos públicos que atuariam em conjunto. “Decidimos partir para uma licitação e foi selecionada a Fundação Oswaldo Cruz, que começou o trabalho em fevereiro”, afirmou.
(fonte: http://www.atarde.com.br/cidades/noticia.jsf?id=986533)


Denúncia: água consumida em Caetité (BA) está contaminada por urânio
16 de Outubro de 2008

São Paulo — Relatório Ciclo do Perigo - Impactos da Produção de Combustível Nuclear no Brasil, do Greenpeace, aponta problemas na área de influência da mina da estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB) e exige investigação sobre as condições de saúde da população local.

Após oito meses de investigação, o Greenpeace encontrou contaminação radioativa em amostras de água usada para consumo humano, coletadas na área de influência direta da mineração de urânio no município de Caetité, na Bahia (BA). A mina e uma unidade de beneficiamento de urânio são gerenciadas pela Indústrias Nucleares do Brasil (INB). A denúncia, que demonstra que a geração de energia nuclear é perigosa e poluente desde a sua origem, faz parte do relatório Ciclo do Perigo - Impactos da Produção de Combustível Nuclear no Brasil, que o Greenpeace lançou nesta quinta-feira (16/10) em São Paulo."A denúncia é muito grave e reforça a necessidade de uma investigação independente urgente sobre a qualidade da água e as condições de saúde da população que vive no entorno da INB", afirma Rebeca Lerer, coordenadora da campanha de Energia Nuclear do Greenpeace. "O caso mostra que os impactos e riscos da energia nuclear começam na origem do combustível que alimenta as usinas de Angra dos Reis e o Programa Nuclear Brasileiro".Confira nosso site especial da denúncia.A coleta das amostras de água para consumo humano e animal foi feita por uma equipe do Greenpeace em abril de 2008, em pontos localizados dentro de um raio de 20 quilômetros ao redor da mineração de urânio da INB em Caetité. As amostras foram encaminhadas a um laboratório independente credenciado no Reino Unido para a realização de análises. Pelo menos duas amostras de água apresentaram contaminação por urânio muito acima dos índices máximos sugeridos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama).A amostra de água colhida de um poço artesiano a cerca de oito quilômetros da mina apresentou concentrações de urânio sete vezes maiores do que os limites máximos indicados pela OMS, e cinco vezes maiores do que os especificados pelo Conama. Outra amostra, coletada de uma torneira que bombeia água de poços artesianos da área de influência direta do empreendimento da INB, estava com o dobro do limite estabelecido pela OMS e acima do índice Conama.Baixe o relatório.

Segundo os habitantes das comunidades que utilizam água das fontes analisadas, a INB colhe amostras em intervalos regulares para análises, mas as informações sobre a qualidade da água não são repassadas à população. Uma vez liberado no meio ambiente, o urânio entra na cadeia alimentar humana pelo consumo de água ou de alimentos contaminados, como leite e vegetais. De acordo com a bibliografia médica e científica disponível, a ingestão contínua de urânio, ainda que em pequenas doses, pode causar danos à saúde, tais como ocorrência de câncer e problemas nos rins."Os sentimentos das populações dos municípios de Caetité e de Lagoa Real são de silêncio e indiferença, talvez pelo resultado de uma imposição da INB", afirma Osvaldino Alves Barbosa, padre da catedral de Caetité. "Mas quando o assunto aparece, as pessoas ficam apreensivas, com medo e até aterrorizadas."Segundo padre Osvaldino, o desafio agora é articular com a sociedade civil a divulgação das informações necessárias, exigir dos governos do Estado e federal o respeito aos direitos humanos da população e monitoramento dos que trabalham na mina e vivem nas comunidades do entorno dela, bem como garantir a investigação independente do nível de radioatividade na água consumida por todos."Para isso instituímos em Caetité uma Comissão Paroquial de Meio Ambiente para tentar concretizar essas demandas", afirma padre Osvaldino.O relatório Ciclo do Perigo revela que os riscos de contaminação da água foram apontados no EIA/Rima do empreendimento, sendo, assim, velhos conhecidos da INB e dos órgãos licenciadores e fiscalizadores da atividade de mineração do urânio - Ibama e Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). O estudo detalha ainda problemas e controvérsias no licenciamento ambiental e nuclear, além de infrações e acidentes ocorridos na operação de extração, beneficiamento e transporte do urânio.Para atender a demanda de combustível com a eventual construção de Angra 3, o setor nuclear planeja duplicar a capacidade produtiva anual da INB de 400 para 800 toneladas de yellow cake (concentrado de urânio) e iniciar a exploração da mina de urânio de Santa Quitéria, no Ceará."Enquanto os verdadeiros impactos da mineração de urânio em Caetité permanecem desconhecidos, o governo Lula adota políticas de incentivo à geração nuclear no Brasil, ignorando os altos riscos e custos sociais e ambientais dessa tecnologia. Os interesses comerciais e militares na mineração do urânio e fabricação de combustível nuclear estão falando mais alto do que a segurança da população e do meio ambiente no país", afirma Rebeca Lerer. "A poluição e o perigo da energia nuclear começam na mineração e culminam com os rejeitos altamente radioativos que saem das usinas nucleares. A sociedade brasileira não quer conviver com ameaças nucleares e depósitos de lixo radioativo."O Greenpeace e entidades sociais e ambientais da Bahia encaminharam a denúncia ao Ministério Público Federal da Bahia, exigindo a realização de investigação independente sobre a fonte e extensão da contaminação, bem como as condições de operação da INB e o cumprimento das condicionantes dispostas no licenciamento ambiental. A organização também solicitou ao INGA – Instituto de Gestão das Águas, do governo da Bahia, que suspenda as outorgas de água concedidas à INB até que a contaminação seja solucionada.

(fonte: http://www.greenpeace.org/brasil/nuclear/noticias/den-ncia-agua-consumida-em-ca)

(sugestão de Marco Calil, Ativista do GreenPeace e Estudante de curso técnico em Meio Ambiente)

Alvaro Meirelles
Biólogo (CRBio 59.479/05-D) e Gestor Ambiental
http://www.grupomeirelles.com/

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