05/03/2008
REPORTAGEM ESPECIAL: De como a legislação brasileira precisa avançar - Parte Um
Mônica Pinto / AmbienteBrasil
Dentro em breve, europeus e norte-americanos poderão estar consumindo um produto brasileiro que, paradoxalmente, não consegue certificação no próprio país. A empresa Hervy, que fabrica louças sanitárias desde 1912, com sede no estado de São Paulo, desenvolveu uma bacia sanitária batizada de Twister, que funciona com o dispêndio de apenas 4,8 litros de água. É um ganho ambiental significativo, quando já se tem total dimensão de que a escassez desse recurso natural é um dos maiores desafios vindouros para a qualidade da vida na Terra.
A tecnologia, desenvolvida ao longo de três anos de pesquisas, funciona sem o auxílio de nenhum equipamento para gerar pressão na água e já foi aprovada nos Estados Unidos pelo laboratório oficial IAPMO (International Association of Plumbing and Mechanical Officials).
No Brasil, porém, a Hervy tem esbarrado em entraves burocráticos. Tenta aprovar o produto na TESIS (Tecnologia de Sistemas em Engenharia) - o laboratório oficial para atestar conformidade com os ditames da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) - e não consegue fazê-lo.
"A norma estabelece que a média de consumo de uma descarga é 6,8 litros, com o máximo de 7,1l e o mínimo de 5,8l e é ai que vem a nossa reprovação", explica a AmbienteBrasil o diretor Industrial da empresa, Walter Prado, um engenheiro mecânico com vivência de mais de 20 anos em indústrias cerâmicas não só no Brasil, mas também em países como Bulgária, Inglaterra, Itália, Indonésia, México e Estados Unidos.
"A ABNT estipulou que, se a descarga estiver fora dos 5,8l a 7,1l é considerada não conforme pela norma, mas, aplicando todos os testes, o nosso produto é aprovado, isso porque desenvolvemos tecnologia", completa Walter.
Segundo ele, a Tesis argumenta que poderão ficar sólidos retidos dentro da tubulação de esgoto, com isso agravando-se os entupimentos. "Nós discordamos, pois todos os testes estão ok", reforça.
Para o executivo, essas dificuldades decorrem da falta de disposição do poder público em ajustar normas legais tendo por base novas realidades - e, seguramente, a necessidade premente de economizar água, com o uso de tecnologias testadas e aprovadas, é uma delas.
Nesse aspecto, avalia ele, seria proveitoso o apoio de órgãos envolvidos na gestão ambiental e no tratamento de água. "O interesse não é só nosso, mas de toda a sociedade, que poderá gastar menos na conta no final do mês, principalmente quando se trata de uma grande instalação, como um prédio ou um ambiente público", defende.
Enquanto isso, a Hervy caminha para certificar outro produto também no exterior - a bacia Silent Nite, que funciona com 2,8 litros, a descarga completa, ou 1,5l, a meia descarga. "Esse projeto se destina ao mercado europeu e já está em desenvolvimento também para o mercado norte-americano", antecipa Walter Prado.
(http://www.ambientebrasil.com.br/noticias/index.php3?action=ler&id=36778)
É inaceitável que a tecnologia desenvolvida para diminuir o consumo encontre como entrave uma "norma imutável". Acredito em Normas desde que estas se moldem as necessidades e avanços tecnológicos.
Acompanhe amanhã a segunda parte da reportagem, de Mônica Pinto, exibida no Ambiente Brasil!
Alvaro Meirelles
Biólogo e Gestor Ambiental
www.grupomeirelles.com
quinta-feira, 6 de março de 2008
Como a legislação brasileira precisa avançar, por Márcia Pinto
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