"Mais de 30% das 105 maiores cidades do mundo dependem de áreas protegidas (parques e reservas) para seu abastecimento de água, revela um estudo que o WWF e o Banco Mundial lançaram em Genebra, na sede da Organização das Nações Unidas. Segundo a pesquisa, as florestas protegidas por tais áreas ajudam a manter a boa qualidade da água e podem até ajudar a aumentar a quantidade, no caso das florestas tropicais úmidas.
Entre as cidades analisadas figuram seis capitais brasileiras: Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Belo Horizonte, Salvador e Fortaleza. A situação do Rio de Janeiro e de outras cinco cidades do mundo é analisada em profundidade. Com exceção de Fortaleza, todas as cidades brasileiras pesquisadas dependem em maior ou menor grau de áreas protegidas para o abastecimento. O estudo - realizado pela Aliança para a Conservação de Florestas e Uso Sustentável, formada pelo WWF e pelo Banco Mundial - traz dados econômicos que demonstram como é muito mais barato conservar as florestas nas áreas de mananciais (fontes de água) do que construir centros de tratamento mais complexos para purificar a água poluída. A cidade de Nova York ilustra essa equação. Há décadas a administração da cidade optou por purificar a água potável filtrando-a naturalmente pelas florestas, a um custo inicial de US$ 1 bilhão a US$ 1,5 bilhão no período de dez anos. É sete vezes mais barato do que os US$ 6 a 8 bilhões que seriam gastos na forma tradicional de tratar e distribuir água potável, mais US$ 300 a 500 milhões anuais em custos operacionais.
"Não entender que áreas de mananciais são estratégicas para o desenvolvimento e a sobrevivência das cidades gera mais exclusão social e prejuízo econômico e nos coloca numa dinâmica suicida", afirma Samuel Barrêto, coordenador do Programa Água Para a Vida, do WWF-Brasil. Florestas naturais bem manejadas minimizam o risco de desmoronamento,erosão e assoreamento. Elas melhoram substancialmente a pureza da água e em alguns casos também retêm e armazenam a água, garantindo a integridade do solo. A primeira providência é a criação de áreas protegidas em torno dos reservatórios e mananciais. A segunda é o manejo de mananciais que estão fora das áreas protegidas. A ocupação ao redor dos reservatórios precisa obedecer a critérios que garantam a proteção da água. Finalmente, o estudo ressalta a importância de restaurar áreas degradadas.
A última recomendação é urgente para as cidades brasileiras, sobretudo na região da Mata Atlântica, em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro. Embora a legislação restrinja a ocupação de áreas de mananciais, há milhares de pessoas habitando a beira de reservatórios, como as represas Billings e Guarapiranga, em São Paulo, ou morando dentro de áreas protegidas, como o Parque Estadual da Cantareira, que também abriga um importante manancial paulistano. Com a degradação dessas áreas, as companhias de abastecimento são obrigadas a buscar água mais longe, a um custo maior."
"As alternativas estão se esgotando ou ficando cada vez mais caras, principalmente na Mata Atlântica", ressalta Barrêto. "Mesmo reconhecendo a complexidade do problema, o governo e a sociedade precisam encará-lo com medidas concretas que não podem mais ser adiadas, como o cumprimento da lei, garantindo os direitos básicos dos cidadãos. Nesse processo, as florestas e áreas protegidas são aliadas estratégicas para o suprimento de água nas cidades." (CREA/ES, 12/09/2003)
Vale relembrar, ainda mais após a Empresa Baiana de Águas e Saneamento ter chegado até aqui sem a conclusão das obras conforme informa o site da própria EMBASA:
"Recuperação de torre da represa Joanes II será concluída no próximo mês. Por Assessoria de Comunicação - 4/1/2008
Os trabalhos de recuperação da torre de equilíbrio da adutora entre a represa Joanes II e a Estação Principal de Tratamento de Água, em Candeias, serão concluídas em fevereiro. A obra, iniciada no último dia 26 de dezembro está corrigindo fissuras e problemas estruturais na torre detectados no mês passado e que foram a causa da redução da oferta de água tratada em grande parte de Salvador. A recuperação da estrutura foi contratada emergencialmente para garantir, o mais breve possível, a regularização do abastecimento na capital.Na primeira quinzena do mês passado, técnicos da Embasa e engenheiros estruturalistas constataram o comprometimento da torre de equilíbrio do sistema de adução Joanes II-ETA Principal, equipamento construído há menos de cinco anos.Por medida de segurança, foi recomendada a redução em 7% da oferta de água para Salvador, pois a utilização da capacidade máxima de armazenamento da torre poderia causar o rompimento de sua estrutura e conseqüente colapso no abastecimento da capital. A Embasa notificou as empresas responsáveis pelo projeto e construção deste equipamento, informando as medidas tomadas e cobrando responsabilidades."
Ficamos na torcida pela EMBASA e acima de tudo pela população que não precisaria passar por momentos apreensivos caso mantivéssemos outros mananciais como o rio do Cobre (Parque São Bartolomeu - SSA/BA), mas sobre este manancial comentaremos em outra oportunidade.
Alvaro Meirelles
Biólogo e Gestor Ambiental
www.GrupoMeirelles.com
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