sábado, 29 de agosto de 2009

Política com “p” minúsculo

É com muito carinho que publico um texto de autoria do meu pai.

Tempos difíceis politicamente vive o país na atualidade. O senado da República – Câmara Alta ou Casa Revisora - passa por uma crise ética e de identidade sem precedentes. Diante dos fatos, tendo o executivo se intrometido e determinado o que aconteceu no Legislativo, no Senado, alguns já enxergam Lula ditador ao molde de “los irmanos” da América Latina, modelo Chavista. O PT está em frangalhos. O PMDB de partido histórico virou quebra-galho, remunerado para tal. Mas, das crises surgem soluções. São as crises, rachas, catástrofes, guerras, revoluções que induzem um novo dia diferente dos demais, um novo horizonte, um patamar diferente, um mundo novo. Um novo patamar para a vida no globo terrestre.

Nem sempre o que o povo pensa, deseja e vota é o melhor para o país. Mas o voto do povo, no seu saber que brota às vezes do instinto, sempre há o melhor para a democracia, que se faz e vive de erros e acertos, contanto que a decisão seja tomada pela maioria de uma determinada população. Cada eleição é um dia de julgamento e de veredito. Os mais de 70% de aprovação popular de Lula, fora do contexto de uma eleição, não é o melhor para o povo brasileiro, nem para o Brasil. Sentado nesse trono de popularidade e elogiado por Barack Obama como o maior político da terra, virou “lula” empanado de soberba. Tão empanado a ponto de não enxergar um elefante na sala de visitas do palácio que mora. E o elefante é Sarney.

Paulo Duque, senador pelo Rio de Janeiro, suplente e em fim de carreira, foi o escolhido para o esquema que serve ao projeto de poder de Lula. Ele e a turma dos conchavistas, inescrupulosos, inclusive os companheiros do PT, arquivaram a possibilidade de apurar denúncias graves contra o presidente do Senado, José Ribamar. Sarney é culto. É experiente. Mas não é ético. Nem são éticos Renan Calheiros, Collor de Mello, e mais um punhado deles que formam a tropa de choque do Palácio do Planalto. O chefe deles todos é Lula. Lula tambem é chefe de Aloísio Mercadante que apesar de sua biografia, dos trinta anos de militância e do marco histórico de ter fundado o PT, se explicando em discurso da tribuna do Senado na sexta-feira, 21 de agosto do corrente ano, usou todos os argumentos justificando por que deveria renunciar a liderança do Partido dos Trabalhadores no Senado, após ser desautorizado pelo presidente para impedir a apuração das maracutaias do Sarney, mas sucumbiu a um bilhete de quinta categoria, com argumentos chulos que escreverem para Lula assinar.

De modo diferente, em sentido diametralmente oposto, agiram Marina Silva e Flávio Arms, os dois senadores éticos que deixaram o PT, e marcaram posição que haverá de ser reconhecida pela nação inteira. É o contraponto a Dilma Russsef, ex-guerrilheira que vem mostrando indícios que continua mentindo. Mesmo porque, tem o pecado original de ter vivido e ter agido na clandestinidade, independente dos motivos, o que é uma mentira. Tal como fez José Dirceu que se submeteu a cirurgia plástica para camuflar a fisionomia. Ser clandestino é ser fora-da-lei e isto é mentir. Se a causa foi nobre, são outros quinhentos.

A sessão da última sexta-feira transmitida ao vivo pela TV Senado foi uma aula de política com “P” maiúsculo. Os senadores Pedro Simon e Cristovam Buarque em seus pronunciamentos deram lições do que é um modelo de homem público coerente, sensato, destemido e ético. Há tanta lucidez no que disseram que os dois senadores e mais Marina Silva e Mão Santa protagonizaram momento raro. Ali não se discutiu propina para benefício próprio nem compra de votos. Não estavam eles esmolando cargos nem pedindo votos para suas candidaturas. Estas aulas magníficas poderiam encerrar , de uma tacada só, um ano letivo inteiro em qualquer faculdade de Ciências Políticas. O Senador Cristovam disse que Lula não é o Presidente das transformações sociais e sim o da Assistência Social, embora ele não seja contra a assistir aos mais pobres como caridade. E que é tão “pac-acelerador” como foram os Generais da Revolução de 64 ou Juscelino Kubitscheck. Que Lula sente-se semi-deus e o PT o venera e adora, acima do status de um líder, como Deus. Que, quando um político de tamanha popularidade sente-se Deus, vive-se a um passo de um regime ditatorial e neste caso uma ditadura com exércitos armados de cartas na manga e poder na caneta. O Senador Pedro Simon lamenta que Lula jogou o PT na vala comum dos outros partidos. E que Marina Silva é um Lula, líder carismático, nascida pobre, enferma na infância, seringueira e empregada doméstica que chegou ao Senado e ocupou uma das mais importantes pastas, a do Meio Ambiente, de onde saiu desprestigiada por gente do governo e aclamada pelo Brasil. Marina é um Lula,quando prestava, no inicio da carreira. Melhorada pela sensibilidade social, pela consciência ambiental e pela supremacia ética como modo de se relacionar.

Que tudo isso que acontece seja um recado para os políticos que militam nas cidades do interior e que copiam Sarney, Renan, Color, Jader... Político não pode roubar nem o dinheiro das prefeituras nem a consciência do povo. Político não pode mentir. Político não pode enriquecer de modo ilícito. Político sujo não pode ser candidato. A época do “vale tudo”, da “lei de Gerson”, do “é dando que se recebe” está passando. Agora é a época de Simon, Buarque, Marina, Heloisa, Arms, Chico Mendes. E, embora já falecido é a época de Jeferson Peres, Ulisses Guimarães e Teotônio Vilela. Lula e Sarney já eram, nunca mais. Neste episódio atual em que o Presidente da Republica impediu a apuração de desvio ético de um ex-presidente e atual Presidente maior do Senado da República eles ganharam, mas não vão levar o troféu. O povo dirá nas próximas eleições.

Autor: Álvaro Médico em Camamu
(Álvaro Luiz da Silva Jesus)
Contato: alvarocamamu@hotmail.com

Espero que tenham gostado tanto quanto gostei!

Temos que multiplicar as Marinas, os Buarques e outros que nos mostram sentido em continuar votando.

Alvaro Meirelles
www.GrupoMeirelles.com

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