quarta-feira, 12 de março de 2008

O Brasil e a Arca do Fim do Mundo

Brasil enviará amostras a banco internacional de sementes

Lana Cristina
Repórter da Agência Brasil
3 de Março de 2008 - 06h10 - Última modificação em 3 de Março de 2008 - 06h10

Brasília - O Brasil vai enviar amostras de sementes com valor alimentício, nativas e adaptadas a um banco internacional de sementes criado em parceria pela organização não-governamental Global Trust Found e o governo norueguês.

O projeto é chamado de Arca do Fim do Mundo e tem o objetivo de preservar espécies vegetais diante da possibilidade de catástrofes como grandes enchentes, efeitos do aquecimento global ou mesmo explosões nucleares. Assim, quando necessário, as amostras poderiam ser abertas para reprodução e replantio.

As amostras brasileiras serão enviadas pela unidade Recursos Genéticos e Biotecnologia da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que tem um banco genético de 100 mil amostras de cerca de 400 espécies vegetais. Segundo o coordenador da unidade, José Manuel Cabral, o projeto Arca do Fim do Mundo tem o mérito de facilitar o intercâmbio de informações sobre bancos genéticos de todo o mundo e cumpre o papel de garantir a segurança alimentar.

“Em termos de variabilidade genética, 15 anos, por exemplo, não é muito. Um banco como esses é muito importante para a agricultura voltada para alimentação, porque em período não muito longos, culturas deixam de ser plantadas em certas áreas devido a mudanças climáticas e outras passam a ser plantadas em lugares antes inóspitos depois de serem adaptadas”, disse.

Segundo Cabral, um banco com essas características é de fundamental importância para geneticistas e pesquisadores que trabalham no melhoramento de espécies. “Às vezes, temos em bancos genéticos amostras de espécies que não são plantadas por não serem viáveis economicamente. Mas, muitas vezes, são espécies com características que precisamos introduzir em outras espécies, tais como genes que a fazem resistente à seca, por exemplo”, exemplificou. Esses pesquisadores precisam, assim, de um ponto de partida para iniciar suas pesquisas, que é a consulta a um banco genético.

O primeiro depósito do Arca do Fim do Mundo, com uma amostra simbólica de sementes oriundas de vários países, foi feito no último dia 26. As amostras foram enviadas por México, Peru, Colômbia, e também por países da Europa, Ásia e África. As amostras são conservadas em três câmaras frigoríficas, em condições de baixa umidade e temperatura de até 20 graus negativos. O banco foi construído no arquipélago ártico de Svalbard, a 1,2 mil quilômetros da calota polar do Ártico. A capacidade total de armazenagem é de 4,5 milhões de amostras.

Atualmente, China e Estados Unidos são proprietários dos maiores bancos de amostras de sementes do mundo, cada um com capacidade para 1,5 milhão de amostras. “A vantagem de ter um banco onde vários países contribuem com amostras é permitir que os outros pelo menos tenham acesso a que tipo de informação outras nações têm em mãos. Sabendo disso por meio do banco internacional, podemos pedir autorização ao próprio país para ter acesso a uma amostra determinada”, explicou o coordenador da Embrapa.

“O Brasil não pode ficar de fora desse projeto”, afirmou Cabral ao prever que ainda este ano a unidade esteja enviando amostras para o banco de sementes internacional Arca do Fim do Mundo. Segundo ele, para fechar o contrato falta analisar a compatibilidade com a legislação brasileira que impõe restrições quanto ao envio de espécies nativas para o exterior.

(www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2008/03/02/materia.2008-03-02.3059751274/view)

Fato importante desde que os acordos sejam cumpridos, pois o real objetivo é garantir a segurança alimentar e não a quebra de patentes ou modificações genéticas descontrolads.

(Agradecimentos pela matéria sugerida pela Futura Técnica em Meio Ambiente - Débora Reis)

Alvaro Meirelles
Biólogo (CRBio 59.479/05-D) e Gestor Ambiental
www.grupomeirelles.com

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